segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fragmentos.

Existem alguns momentos na vida em que a vida parece morrer, não estou falando em morte do corpo, estou falando em morte dos sentidos, na morte dos significados, na morte das paixões... nesses momentos o corpo pesa, movimentar-se fica difícil, como se estivesse carregando quilos em cima dos ombros, e a mente é invadida por uma neblina que não permite visualizar luz no fim do túnel... a gente se sente assim, despedaçado, como os cacos de vidro de um copo caido no chão... Por algum tempo parece inconcebível a ideia de recompor-se, mas mais cedo ou mais tarde a neblina acaba indo embora e a claridade permite enxergar outros horizontes. Há pouco tempo descobri que nada é para sempre, e nada é insubstituível, isso me entristecia, talvez fosse a ânsia por certezas... hoje eu creio que essa transitoriedade nos possibilita reconstruir, reviver, recomeçar, ser mais e melhor.
Quando fragmentos de morte tentam me capturar, eu rendo-me por algum tempo, deixo os super poderes para os super heróis !
Durante o tempo da rendição entro ( a vida) em negociação com meus desassossegos... "eu prometo que continuarei caminhando, percorrendo as estradas, tomando cuidado com os desníveis da pista, com as curvas perigosas, e as vezes aumentando a velocidade nas retas, sentindo o vento batento no rosto, a adrenalina percorrendo minha corrente sanguínea... As vezes diminuirei a velocidade pelo mesmo prazer, apreciar a natureza, as maravilhas que inundam minha alma e alimentam minha esperança. Em troca, peço aos meus desassossegos que repousem em meus braços, que calam-se por alguns instantes, que escutem o meu silêncio, que entendam a minha dor e que depois durmam em paz, até a hora de acordar !" E então a morte adormece e a vida resurge...

Tente perder o medo de render-se em alguma curva da estrada,  perder o medo de render-se é aceitar com mais leveza as frustrações, e saber que a infelicidade é uma das coisas que nos torna humanos, é aceitar que a fraqueza faz parte, e que as vezes entrar no seu casulo faz bem, a gente sempre precisa de um tempo consigo mesmo, para se conhecer e se reinventar, autoconhecimento nunca é demais ! Senão corremos o risco de sermos os mesmos por toda vida. Por isso, permito-me morrer de vez em quando.
É magnífica nossa capacidade de resiliência, (a resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas e voltar ao normal), talvez não se volte a ser como antes, mas talvez se volte mais forte, se volte mais resistente para enfrentar novas quedas.

Que nossos fraguentos de vida sejam mais fortes do que os de morte, e que a rendição seja temporária, mas que seja aceita com respeito. A dor de alguém nunca é maior ou menor, é simplesmente sua dor...
  As vezes se perde mais usando uma máscara de super herói, do que se ganha reconhecendo a queda !

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